O céu de setembro
O início do mês será a altura mais adequada para a observação de Mercúrio, uma vez que ele atinge o seu maior afastamento para leste relativamente ao Sol no dia 4 (distando 27 graus do nosso astro-rei), permitindo-nos vislumbrar este planeta ao anoitecer.
Na madrugada de dia 5 a Lua irá passar a menos de um grau da estrela Aldebarã, o "olho" da constelação do Touro. Neste mesmo dia dar-se-á o quarto minguante.
Pelas 5 horas da madrugada de dia 10 será possível ver a Lua na vizinhança de Vénus e Marte. Igualmente Júpiter ocupa esta parte do céu, nascendo pelas 6 horas e 20 minutos. Este planeta só começará a ser bem visível na segunda metade do mês.
A Lua Nova terá lugar no dia 13. Como esta ocorre muito perto do plano da orbita terrestre (plano da eclíptica), do alinhamento Sol-Lua-Terra resultará um eclipse solar. Mas ao contrário do que sucedeu em março, este eclipse apenas será parcial e unicamente visível no sul de África e parte da Antártida.
No espaço de uma semana podemos apreciar facilmente o movimento da Lua no céu: no dia 15 a Lua situar-se-á a poucos graus de Mercúrio e de Espiga, a estrela mais brilhante da constelação da Virgem; na noite de dia 18 a Lua situar-se-á perto de Saturno, que por esta altura se situa ao pé da constelação da Balança; e, para finalizar, aquando do quarto crescente de dia 21 o nosso satélite natural já estará junto à constelação do Sagitário.
Em consequência da rotação da terra em torno do Sol, pelas 9 horas e 21 minutos do dia 23 o eixo de rotação terrestre estará perpendicular à direção Sol-Terra. Esta é uma das duas únicas alturas do ano em que os hemisférios Norte e Sul se encontram igualmente iluminados. Em Portugal este momento é chamado de equinócio de outono pois, a partir deste instante, passamos a ver o Sol abaixo do equador celeste (a projeção nos céus do equador terrestre), o que marca o início do outono.
Por volta de dia 24 iremos encontrar Marte perto de Régulo a estrela mais brilhante da constelação do Leão.
Pelas 3 horas e 47 minutos da madrugada de dia 28 terá lugar a Lua Cheia. Como esta ocorre perto do perigeu (altura da maior aproximação da Lua à Terra, que corresponde a cerca de 93% da distância média entre eles) o nosso satélite natural irá parecer ligeiramente maior do que é habitual. Trata-se da penúltima e maior super-Lua deste ano.
Tal como terá sucedido aquando da Lua Nova anterior, esta fase da Lua terá lugar muito perto do plano da eclíptica, dando assim origem a um eclipse lunar. Este eclipse será total pois a Lua vai atravessar a região de maior escuridão da sombra da Terra (a umbra). Este eclipse irá decorrer entre a 1 hora e 12 minutos e as 6 horas e 22 minutos.
De notar que o mesmo fenómeno de dispersão de luz na atmosfera responsável pelo nosso céu ser azul, faz com que num eclipse lunar total a Lua receba parte da radiação solar vermelha desviada pela nossa atmosfera, conferindo-lhe assim aquele tom vermelho característico.
Boas observações!
Fernando J.G. Pinheiro (CITEUC)
Figura 1: Céu a sudoeste pelas 20 horas e 40 minutos de dia 4. Igualmente é visível a posição da Lua nas noites de dias 15 18 e 21.
Figura 2: Céu a sudeste pelas 6 horas da madrugada de dia 24. Também é indicada a posição da Lua, Vénus, Marte e Júpiter na madrugada de dia 10.
© 2015 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Fernando Gutiérrez Pinheiro
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