Registo | Contactos

Previsões do Fim do Mundo

28 Set 2011 - 12h35 - 2.946 caracteres

Ao longo da história da humanidade não faltaram profetas da desgraça. Muitos deles levaram ao próprio homicídio ou suicídio dos seus seguidores. Um dos casos mais mediáticos foi o deDavid Koresh, que se suicidou, no dia 19 de abril de 1993, com os seus seguidores em Waco, Texas. Morreram na altura 54 adultos e 21 crianças.

Poderia descrever aqui profecias mais antigas, como a de Pompeia (79 dC) ou a de Londres (1666), mas vou ficar pelas mais recentes.

No dia 21 de maio deste ano, apregoava-se que o mundo iria acabar. O pregador Harold Camping, era o defensor dessa teoria, referindo que nesse dia, o “Dia do Julgamento”, estava previsto Jesus Cristo voltar à Terra para reunir os fiéis e levá-los para o céu. Agora aponta outra data para esse final.

Os cometas têm sido, ao longo da História, presságio do fim do mundo. Por exemplo o cometa Halley, observável a cada 76 anos, em 1910, por exemplo, provocou a histeria entre os europeus e norte-americanos. Alguns acreditavam que a cauda do cometa continha um gás, que impregnaria a atmosfera e eventualmente extinguiria toda a vida no planeta. Outros tiraram proveitos monetários do pânico. Também o cometa Hale-Boop foi temido. Trinta e nove pessoas, parte de um grupo religioso chamado Heaven’s Gate, na Califórnia, cometeram suicídio quando o cometa Hale-Boop se encontrava no ponto mais próximo da Terra.

O próprio Sistema Solar, particularmente o alinhamento dos planetas, têm inspirado muitas previsões do Juízo Final. O autor Richard Noone previu que o gelo iria dominar o mundo como resultado do alinhamento. E a “arqueólogo psíquico” Jeffrey Goodman afirmou que ”os terramotos e vulcões desencadearão em todo o mundo e uma fenda irá abrir-se e dividirá a Terra em vários lugares para aliviar o stress produzido pela mudança,”in New Scientist.

No meio disto tudo não podemos esquecer, salvaguardando o devido respeito pela liberdade religiosa, as Testemunhas de Jeová. Desde a sua fundação em 1870, as Testemunhas de Jeová profetizaram o fim do mundo em 1914. Apesar do Juízo Final não ter chegado, em 1914, os seguidores da religião vêm prevendo que o mundo vai acabar ”em breve”, alterando sempre a data para esse final.

Também, em 1984 um colunista doWall Street Journal alertou para o fim do mundo, que ocorreria em 01 de janeiro de 2000. Um bug causado por um erro de cálculo poderia incapacitar computadores e outras máquinas e levar ao caos em massa, dizia o colunista. O certo é que muitos aproveitaram o pânico para enriquecer.

Recentemente, quando o Grande Colisor de Hádrons (LHC) iniciou a colisão de partículas em setembro de 2009, alguns críticos especularam que poderia gerar um buraco negro que significaria o fim do mundo. No entanto, a preocupação foi em vão: o colisor tem vindo a trabalhar sem quaisquer consequências desastrosas.

Como se pode ver, nenhuma destas previsões ocorreram e estes “profetas” continuam a proclamar desgraças, mesmo errando sistematicamente.


© 2011 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


Veja outros artigos deste/a autor/a.
Escreva ao autor deste texto

Ficheiros para download