Financiamento europeu a triplicar para biotecnologia da Universidade de Coimbra
O Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) conquistou três projetos europeus que trazem para Portugal 380 mil euros para investigação em fígado, cancro e nano-segurança.
O investigador Paulo Oliveira vai liderar um consórcio internacional “mtFOIEGRAS”, o segundo desde o recente projeto, também Europeu, “FOIEGRAS”, para investigar o Síndrome do Fígado Gordo Não-Alcoólico (SFGNA) numa perspetiva de desenvolvimento de ferramentas não-invasivas e rápidas para um diagnóstico mais preciso. As ferramentas são baseadas em alterações metabólicas, nomeadamente ao nível da produção de energia da célula hepática.
A SFGNA afeta 6 a 37% da população mundial e poderá ser uma “assassina silenciosa” porque os sintomas evidenciam-se em fases tardias, quando se apresenta incurável, contribuindo para o aumento do risco de diabetes, cirrose hepática e cancro. A doença é atualmente diagnosticada através da biopsia do fígado, um procedimento invasivo, arriscado e caro.
O investigador João Nuno Moreira, do CNC e Faculdade de Farmácia da UC, coordena o consórcio “NanoDoxer” que visa testar em modelos animais uma estratégia terapêutica, com sucesso já demonstrado a nível in vitro, de combate ao cancro da mama triplo negativo e o neuroblastoma que não possuem atualmente terapias específicas.
A estratégica tem como alvo uma proteína (nucleolina) que se encontra presente nas células estaminais cancerígenas e que permite avaliar a sua “agressividade tumoral”. A proteína será abordada através de uma combinação de fármacos transportados por uma nanopartícula para reduzir o impacto do tumor e a sua recorrência.
A investigadora Olga Borges participa no projeto “GoNanoBioMat”, coordenado pelo Empa Swiss Laboratory of Materials Science and Technology, Suíça, que irá desenvolver nanomateriais, com função transportadora de fármacos (por exemplo, vacinas), através da implementação do conceito “safe-by-design”, garantindo a sua segurança na utilização clínica e a avaliação do risco toxicológico.
O projeto “mtFOIEGRAS” conta com a participação da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, Universidade de Lisboa, Universidade do Porto e de instituições académicas, clínicas e empresariais de Itália, Alemanha, Espanha, Polónia, Reino Unido e Áustria. A investigação é apoiada através do quadro de financiamento do Horizonte 2020 na tipologia “Marie Skłodowska-Curie Research and Innovation Staff Exchange”.
O consórcio “NanoDoxer” é composto pela empresa portuguesa Treat-U, o IPO do Porto, o Instituto de Oncologia de Vall d’ Hebron (Espanha) e o Hospital Pediátrico Gaslini (Itália), tendo sido um dos 11 projetos financiados pela “Euronanomed II Joint Transnational Call-2015” de um total de 66 candidaturas.
O projeto “GoNanoBioMat”, financiado no quadro europeu da “ProSafe” que visa promover a nano-segurança, conta com a participação da University of Applied Science and Arts Western Switzerland, University of Geneve, Commission of Technology and Innovation, Hightechzentrum Aargau AG, Institut fur praxisorientierte Qualifikation e West University of Timisoara.
Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra)
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