Como é que os neurónios comunicam?
Por: Cristina Pinto / Universidade de Coimbra
Uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) desvendou que a “ubiquitina” organiza as proteínas que permitem aos neurónios trocar informação entre si.
O estudo publicado na revista científica Journal Of Cell Biology contraria a ideia geral de que a ubiquitina é apenas uma proteína que promove a destruição de proteínas danificadas ou com erros. Neste trabalho os autores descobriram que a ubiquitina atrai todos os recursos necessários à formação de novas sinapses, sendo essencial para a comunicação neuronal.
Maria Joana, primeira autora do artigo, sublinha que «algumas proteínas que se acumulam nos neurónios têm uma pequena “cauda” feita de várias ubiquitinas “atreladas”. Neste trabalho descobrimos que a acumulação destas proteínas contribui para a comunicação neuronal porque as suas “caudas” de ubiquitinas funcionam como um “íman”, os quais atraem e organizam corretamente os recursos dessa comunicação.»
Por seu lado, Ramiro Almeida, líder da equipa, explica que «decidimos arriscar uma abordagem pouco convencional e investigar o processo pelo qual a maquinaria de destruição das células contribui para o desenvolvimento do sistema nervoso. Surpreendentemente, à luz do conhecimento atual, observámos um aumento extraordinário do número de sinapses nos neurónios de ratos in vitro, em contexto de experimentação laboratorial.»
O resultado obtido sugere que a ubiquitina, «para além da sua tarefa de degradação, tem um outro papel “construtivo” que explica o aumento de sinapses obtido», acrescenta o investigador.
As conclusões desta investigação, desenvolvida ao longo de quatro anos, contribuem para a compreensão dos mecanismos de formação de sinapses, a estrutura responsável pela passagem de informação no sistema nervoso, e poderão auxiliar a comunidade científica a encontrar novas abordagens para os casos de autismo, esquizofrenia, atrofia muscular espinhal e principalmente síndrome de Angelman.
O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela União Europeia através das iniciativas Marie Skłodowska-Curie.
Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra)
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