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O Futuro da Mente

09 Mai 2014 - 14h42 - 3.854 caracteres

Nas últimas duas décadas temos assistido a uma evolução sem precedentes nas neurociências. Nunca se soube tanto sobre as funções íntimas do cérebro, sobre a base biológica do pensamento, das memórias, da mente. Mas também nunca se tinha percebido o quanto desconhecemos sobre a arquitectura neuronal, sobre a comunicação neuroquímica que parece ser substrato da mente pensante.

Este rasgar de horizontes nas neurociências foi possível pela conjugação de um tear interdisciplinar de conhecimentos oriundos de diferentes domínios do saber e da tecnologia. Em particular, a aplicação de modernas tecnologias de imagiologia ao cérebro. Estas novas ferramentas de prospeção cerebral foram desenvolvidas a partir de conhecimentos fundamentais da física, como sejam o electromagnetismo ou a ressonância magnética nuclear. De referir também a importância da utilização de todo o poder informático no processamento dos novos dados obtidos para o cérebro com as novas técnicas de imagiologia por ressonância magnética.

Assim como há 400 anos o telescópio desvendou um universo novo e quebrou mitos e lendas antigas, pulverizando visões cosmológicas que se revelaram erradas, também estas novas tecnologias de visualização cerebral abrem miríades de horizontes sobre a mente humana, e estendem as possibilidades da sua interacção com a Natureza.

É neste contexto que se ergue o novo livro do famoso e iminente físico, também popular divulgador de ciência, Michio Kaku. Intitulado “O Futuro da Mente”, foi agora publicado entre nós pela Editorial Bizâncio.

Neste livro, Michio Kaku começa por nos apresentar, na perspectiva de um físico, uma descrição do conhecimento actual sobre o cérebro e as suas funções, para depois nos guiar através das veredas mais sinuosas que são substância de perguntas milenares sobre a essência da mente humana. E descreve-nos quais e como funcionam as tecnologias mais modernas que são hoje usadas para obter as respostas que procuramos sobre o funcionamento do cérebro.

Nunca se afastando do rigor científico conferido pelas leis da física, Michio Kaku partilha connosco o quotidiano de dezenas de cientistas que investigam actualmente o cérebro nas mais diversas perspectivas e aplicações. Ancorado no método científico, Kaku coloca várias hipóteses sobre qual o futuro vislumbrável para as neurociências, qual o futuro da mente.

Esta primeira edição portuguesa é de saudar por ter ocorrido poucos meses depois da publicação do original em inglês, no início de 2014. A tradução do inglês é da autoria de Fernanda Barão e Isabel Fernandes e consegue manter o tom coloquial e a linguagem acessível a todos, que está presente na versão original e que é característica do excelente divulgador científico que é Michio Kaku.

“O Futuro da Mente” é um livro que se recomenda a todos aqueles que querem saber mais sobre a natureza da mente humana. Através dele ganhamos consciência do que se sabe hoje sobre como funciona o cérebro e somos levados a pensar sobre as questões pertinentes que o envolvem. Depois de lermos este livro ficamos mais próximos do futuro das neurociências.

 

António Piedade


© 2014 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


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