O céu de março
Entre as Luas Novas dos dias 1 e 30 há vários eventos astronómicos a ter em conta.
Logo no dia 8 tem lugar o quarto crescente. Esta é uma boa ocasião para se observar a Lua pois, tal como sucede durante o quarto minguante, os montes e crateras lunares são realçados pelo grau de incidência da luz solar neles.
Na noite de dia 9 iremos encontrar o nosso satélite natural um pouco abaixo de Júpiter que, por estes dias, se encontra na constelação dos Gémeos.
Nesta parte do céu existem vários objetos interessantes: desde Rigel e Betelgeuse, uma estrela azulada e a outra alaranjada na constelação de Órion, passando pela nebulosa de Órion (M42), uma autêntica maternidade de estrelas. A seu turno, na constelação do Touro encontramos os aglomerados estelares das Híades e das Plêiades (o famoso Sete-Estrelo, pelas sete estrelas que alguns conseguem ver a olho nu).
A Lua Cheia ocorre no dia 16, com esta entre as constelações do Leão e da Virgem.
Dia 19 iremos encontrar a Lua junto a Marte e à estrela Espiga da constelação da Virgem e, dois dias depois, ao pé de Saturno. Estas noites são boas para nos apercebermos da forma como a Lua se vai deslocando aos poucos para leste, nascendo a cada dia que passa cerca de uma hora mais tarde. E visto que as marés são causadas pela força da gravidade da Lua, não é de estranhar que estas surjam também com um atraso semelhante.
À medida que a Terra roda em torno do Sol, um dos seus hemisférios (Norte ou Sul) vai ficando mais exposto ao Sol, ao contrário do que sucede ao outro. Pelas 17 horas do dia 20 dá-se um dos dois únicos momentos do ano em que ambos hemisférios se encontram igualmente iluminados. Este instante é chamado de equinócio pois nesta data o dia tem a mesma duração que a noite. Como a partir deste momento começa a primavera no nosso país (com dias mais longos do que as noites) conhecemo-lo como equinócio da primavera. Já no hemisfério Sul é chamado de outonal (ou do outono).
A madrugada desse dia reserva um acontecimento raro: ocultação da estrela Regulo (da constelação do Leão) por um asteroide (o 163 Erigone). Mas tal fenómeno apenas será visível numa faixa muito estreita do leste dos Estados Unidos e Canadá. Quem estiver por lá irá ver a estrela Régulo desaparecer do céu por breves segundos.
Na madrugada de dia 24 tem lugar o quarto minguante. Três dias depois a Lua irá passar junto a Vénus e, na sexta-feira seguinte (dia 29), junto a Mercúrio. Ambos os planetas se apresentam este mês como estrelas da manhã.
Para finalizar é importante recordar que a hora de verão tem início à uma hora da madrugada do último domingo de março. Assim, dia 30 são se esqueçam de adiantar 60 minutos os vossos relógios.
Boas observações!
Fernando J.G. Pinheiro (GCUC)
Legendas Figuras
Figura 1 - Céu a sudoeste pelas 22 horas de dia 9. São visíveis Júpiter, os aglomerados estelares das Híades e das Plêiades, a Nebulosa de Órion (M42) e algumas das estrelas de interesse.
Figura 2 - Céu a sudeste pelas 2 horas da madrugada de dia 19. São visíveis Marte, Saturno e algumas das estrelas mais brilhantes desta região. É igualmente visível a posição da Lua nos dias 20 e 21.
© 2014 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Fernando Gutiérrez Pinheiro
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