A longevidade do roedor nu!
A sequenciação recente dos genes do Heterocephalus glaber, o rato-toupeira-nu, desvendou uma genética molecular única.
Comparando-se determinados genes com os de outros animais, surgiram várias questões muito interessantes. E de entre todas, a de porque é que este mamífero vive tantos anos?
É que, apesar de ser do tamanho de um ratinho, vive até aos 30 anos. Neste puzzle da longevidade parecem ter sido descobertas novas peças, com a mapeamento do genoma do rato-toupeira-nu. É como dizer que a genómica do Heterocephalus glaber desnudou questões e abriu novas avenidas para novas investigações.
Os genes do rato-toupeira-nu sequenciados por uma equipa de investigadores liderada pelo português João Pedro de Magalhães, investigador português instalado há três anos na Universidade de Liverpool, foram publicados num artigo publicado na revista Nature (2011,479,223–227). A partir deste mesmo trabalho compreende-se melhor a biologia única deste mamífero sem pêlo subterrâneo endémico da África oriental. Comparando-o com outras espécies, mostra-nos adaptações moleculares. Será que o roedor é resistente ao cancro por ter moléculas de DNA diferentes?
As moléculas de DNA (Ácido desoxirribonucleico), portadoras do nosso património genético, também estão sujeitas a um processo de evolução. Ao adaptar-se a um novo ambiente, o rato-toupeira-nu aparentemente continua a ter um genoma com propriedades gerais iguais às de outros mamíferos, mas com algumas características excepcionais. As diferentes condições em que vive têm uma relação com o DNA que o constitui. A adaptação desta espécie a viver debaixo da terra, com pouco teor de oxigénio e distante da luz solar, marca a sua fisiologia. A adaptação a este meio para nós hostil, está agora desvendada a nível molecular.
As informações genéticas inscritas na molécula de DNA surgem no genoma deste roedor com características e adaptações diferentes dos seus “parentes” evolutivos.
Será que são também causa da sua excepcional longevidade?
João Cão
© 2011 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
João Cão
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