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As maiores explosões do Sistema Solar

03 Out 2011 - 12h33 - 2.078 caracteres

A nossa estrela é uma bola de plasma incandescente, com as mais variadas (e explosivas) formas de atividade. De entre elas destacam-se as flares, as mais violentas explosões do Sistema Solar, que como muitas outras descobertas, foram feitas por acaso.

Às 11:18 do dia 1 de setembro de 1859, o astrónomo Richard Carrington projetava a imagem do Sol numa tela. Enquanto esboçava um enorme grupo de manchas solares, Carrington (

http://articles.adsabs.harvard.edu/full/seri/MNRAS/0020//0000013.000.html)

reparou que surgiram sobre dois pontos luminosos estas, com um brilho tão intenso que lhe foi difícil olhar diretamente para a tela. Saiu à pressa, à procura de uma testemunha para a sua observação, mas quando voltou apenas um minuto depois, a primeira flare solar registada na história estava já a desaparecer.

Em poucos segundos uma flare pode libertar, em todas as frequências, energia correspondente a mil milhões de megatoneladas de TNT, ou 20 milhões de vezes mais energia que a libertada pela maior bomba nuclear alguma vez construída.

 

E por incrível que pareça, acabaram de ficar ainda mais violentas.

Uma equipa liderada por Thomas Woods (http://iopscience.iop.org/0004-637X), da Universidade do Colorado (EUA), descobriu que uma em cada sete flares solares sofre uma espécie de réplica, que ocorre cerca de 90 minutos depois. Esta flare de fase tardia, como está a ser designada pela equipa, liberta uma vaga extra de raios ultravioleta, e pode ser até 4 vezes mais energética que a flare original.

Num planeta cada vez mais dependente da tecnologia, estas flares tardias podem provocar alguns problemas aqui na Terra. Os ultravioletas libertados, tão energéticos que estão quase nos raios X, são especialmente bons a aquecer a alta atmosfera, que acaba por expandir. Com mais atmosfera a provocar atrito, alguns satélites podem perder velocidade e sair de órbita mais cedo que o esperado. Estes ultravioletas também ionizam a atmosfera, o que pode originar problemas na transmissão do GPS ou de sinais de rádio.

Esta descoberta só foi possível graças a observações do observatório solar SDO (NASA), e da sua capacidade única de monitorizar o Sol quase 24 horas por dia, 365 dias por ano.


© 2011 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


Ricardo Cardoso Reis

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