O céu de Outubro
Por: Ricardo Cardoso Reis
Dia 5 de Outubro é um dia de efemérides. Em 1910 foi derrubada a monarquia em Portugal, e o nosso país passou a ser uma república. Em 1962, foi fundado o Observatório Europeu do Sul (ESO), uma das mais importantes organizações científicas europeias. E em 2012, por volta das 22h30, nascem bem juntinhos (separados de menos de 1 grau), a nossa Lua e o planeta Júpiter. Este planeta volta triunfante ao céu noturno, nascendo cada vez mais cedo. No dia 30 começa a aparecer acima do horizonte, a nascente, já por volta das 19h30.
Se um aparece, o outro desaparece. Nos primeiros dias do mês, e para quem tem o horizonte a poente desimpedido, pode ser que ainda consiga vislumbrar o planeta Marte mesmo ao anoitecer. No dia 5, por exemplo, o Sol põe-se por volta das 19h10, e nessa altura Marte está apenas 15º acima do horizonte. Com o passar dos dias aparece cada vez mais baixo, deixando mesmo de ser visível no fim do mês.
Mas apesar de ser importante, outubro não é só o dia 5. Neste mês podemos ver a Lua passar bem perto de quase todos os planetas visíveis a olho nu, estando a 3 graus de Mercúrio no dia 6, a 6 graus de Vénus no dia 12 e a 2 graus de Marte no dia 18 (embora este encontro seja pouco provável de se ver). Há ainda uma aproximação da Lua a Urano, no dia 27, mas este planeta está no limite do que os nossos olhos conseguem distinguir, sendo por isso apenas visível em céus escuros, sem poluição luminosa.
Quanto às fases do nosso satélite natural, este está em quarto minguante logo no dia 8, passando por Lua Nova a 15, crescente a 22 e quase a terminar o mês, a Lua Cheia aparece no dia 29.
Chuvas de estrelas, há duas em Outubro. Primeiro, as pouco conhecidas Dracónidas, com radiante na direção da constelação do Dragão, e um máximo previsto para o início da noite de dia 7. Esta chuva de meteoros é bastante imprevisível, pois tanto pode ter um máximo com meia dúzia de meteoros por hora, como pode “explodir”, com centenas por hora. O Dragão fica entre as duas Ursas (maior e menor), e em Portugal é uma constelação circumpolar, isto é, nunca passa abaixo do horizonte.
A outra chuva de meteoros de Outubro é a das Oriónidas, cujo radiante fica ligeiramente acima da estrela Betelgeuse, na constelação de Orion. Esta estrela é uma gigante vermelha, mais de mil vezes maior que o nosso Sol, e fica no canto superior esquerdo da constelação, acima das “três marias”. O pico de atividade desta chuva é difícil de calcular, estando previsto para este ano ocorrer antes do amanhecer do dia 21. No máximo estão previstos cerca de 25 meteoros por hora (em céus escuros).
© 2012 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Ricardo Cardoso Reis
Veja outros artigos deste/a autor/a.
Escreva ao autor deste texto
Ficheiros para download Jornais que já efectuaram download deste artigo