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Monitorização remota de doenças cardiovasculares: HeartCycle

10 Set 2012 - 12h23 - 3.500 caracteres

O protótipo de uma nova tecnologia que irá marcar a denominada Terceira Geração de Sistemas de Monitorização Remota de Doenças Cardiovasculares, desenvolvida por uma equipa de 10 investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), já foi testado em pacientes reais e validado clinicamente.

A solução “HeartCycle” foi desenvolvida, ao longo dos últimos quatro anos, no âmbito de um projeto europeu (http://www.heartcycle.eu/) coordenado pela Philips - líder em equipamentos para cuidados de saúde - e teve um orçamento global de cerca de 22 milhões de euros. Além da Universidade de Coimbra, o projeto contou com a participação de 17 parceiros, incluindo empresas de topo mundial na área das comunicações, hospitais e universidades.

O equipamento de aquisição, materializado numa camisola, é composto por um conjunto de sensores têxteis para recolher o eletrocardiograma e o cardiograma de impedância, sensores com dois microfones que permitem realizar a auscultação do coração e determinar todos os eventos que ocorrem no órgão e por um dispositivo eletrónico que recolhe toda a informação.

É com base neste sistema que «determinamos dois parâmetros que são fundamentais em cardiologia, na avaliação da função hemodinâmica: o débito cardíaco (quantidade de sangue que o coração consegue bombear por minuto) e a resistência periférica (a resistência que as artérias fazem à circulação do sangue). O controlo hemodinâmico (atividade do coração e artérias), em tempo real, permite dar informação terapêutica ao doente e ao médico, possibilitando, por exemplo, o ajuste diário da medicação (por exemplo, os diuréticos)», explicam os coordenadores da investigação, Jorge Henriques, Paulo de Carvalho e Rui Paiva.

 

Acautelando que, até chegar ao mercado, ainda há o desafio de transformar o protótipo num produto com design industrial adequado e testar a sua usabilidade, os também docentes da FCTUC afirmam que quando isso acontecer, «a terceira geração de sistemas de monitorização remota terá um impacto muito significativo na gestão da doença crónica cardiovascular porque estamos a proporcionar um sistema para a terapêutica personalizada, articulando o cuidado em casa com o profissional de saúde no hospital».

Com o envelhecimento da população, sustentam, «o Sistema Europeu de Saúde aposta na mudança de paradigma, ou seja, passar da política reativa para a política preventiva de forma a evitar tratamentos agressivos e internamentos prolongados dos doentes e que geram grandes custos económicos e sociais. Atualmente, o sistema está muito centrado no hospital e, por isso, os pacientes só recebem feedback em consultas médicas, ou na presença de sintomas».

A doença cardiovascular é a principal causa de morte na Europa (mais de 1,9 milhões de mortes anualmente), causando despesas de saúde diretas no valor de 105 mil milhões de euros.

O protótipo HeartCycle, com duas patentes internacionais em fase de submissão, já foi testado em pacientes reais no hospital dos Covões (CHUC) tendo revelado resultados muito promissores e está presentemente a desenvolver dois estudos clínicos independentes nos Hospitais de Madrid e de Hull (Grã-Bretanha).

 

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra)

 

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