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O céu de Maio

29 Abr 2012 - 11h08 - 3.200 caracteres

Ao longo do mês de maio o movimento da Lua no firmamento pode ajudar-nos a encontrar vários objetos interessantes.

 

Dia 4 de maio, dois dias antes da Lua Cheia, a Lua encontrar-se-á perto do planeta Saturno e de Espiga, a estrela mais brilhante da constelação da Virgem.

 

Uma teoria defende que Hiparco, o astrónomo da Grécia Antiga, usou esta estrela na observação do fenómeno da precessão dos Equinócios. Esta não é mais do que uma mudança da posição do céu onde ocorrem os equinócios, causada por uma alteração na direção do eixo de rotação da Terra (alteração semelhante à de 1 pião em movimento).

 

Pelas 2 horas da madrugada de dia 13, quem ficar acordado até mais tarde pode ver a Lua nascer, na sua fase de quarto minguante, junto à constelação de Capricórnio.

 

Dia 26 a Lua encontrar-se-á pouco abaixo do enxame do Presépio (M44) na constelação de Caranguejo. Em inglês este aglomerado de estrelas é conhecido como enxame da Colmeia pois, com um bom par de binóculos, assemelha-se a um enxame de abelhas. Tais aglomerados são conjuntos de estrelas que se formaram a partir da mesma nuvem de gás e poeiras.

 

Já no dia 28, a Lua na sua fase de quarto crescente estará junto ao planeta Marte e a Régulo, a estrela mais brilhante da constelação de Leão.

 

Caso a meteorologia ajude este é um bom momento para se observar a Lua, seja com binóculos ou com um telescópio. Isto deve-se a que por esta altura, a posição do Sol relativamente à Lua é tal que as sombras dos montes e crateras lunares auxiliam a sua observação.

 

Durante todo o mês Vénus continuará a apresentar-se como estrela da tarde, sendo “visitado” pela Lua um dia depois da Lua Nova, isto é no dia 22.

 

O céu de maio reserva-nos outras curiosidades. Em locais onde não haja demasiada poluição luminosa (condição fundamental para uma boa observação do céu) é fácil encontrar as 7 estrelas da constelação da Ursa Maior que definem o asterismo do Grande Carroça ou o Arado. É sabido que as estrelas “Guardas” da Ursa Maior (Dubhe e Merak) ajudam-nos a encontrar a Estrela Polar.

 

Mas a cauda da Ursa Maior reserva-nos outras surpresas. Com a ajuda de binóculos é possível ver que no lugar ocupado pela penúltima estrela existem duas: Alcor e Mizar. Estas formam o que se chama de dupla estelar: 2 estrelas que ocupam uma posição na esfera celeste muito próxima. Estudos recentes apontam para a possibilidade de Alcor e Mizar serem na realidade um sistema múltiplo de 6 estrelas que estão ligadas entre si pela força da gravidade.

 

Seguindo a direção apontada pelo “cabo” do Arado encontramos Arcturus, uma estrela gigante alaranjada localizada na constelação de Boieiro.

 

Quem tiver um telescópio ou uns bons binóculos pode encontrar, entre a cauda da Ursa Maior e Arcturus, outro aglomerado estelar: M3.

 

Fernando Pinheiro  

(Centro de Geofísica da Universidade de Coimbra)

 

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 

 

 

 

LEGENDAS

FIGURA 1: Céu a Sul pelas 22h do dia 4 de Maio, com a indicação de algumas estrelas, constelações e outros objectos, incluindo a posição da Lua ao longo de vários dias.(Imagens: Stellarium)

 

 

 

 

Figura 2: Céu a Nordeste pelas 22h do dia 4 de Maio, com a indicação de algumas estrelas e constelações. (Imagens: Stellarium)

 

 

 

 

 

 


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Fernando Gutiérrez Pinheiro

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