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Detecção precoce da doença de Alzheimer

25 Abr 2012 - 13h24 - 2.988 caracteres

Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), coordenada por Antero Abrunhosa e Francisco Alves, do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), produziu uma molécula única - PiB (composto B de Pittsburgh) – que possibilita a deteção da doença de Alzheimer antes de os sintomas clínicos se revelarem, permitindo ainda distinguir esta patologia de outras formas de demência.

 

Para se perceber melhor a complexidade deste método de deteção precoce, os investigadores explicaram que «é um exame que necessita de uma logística complexa pois, devido ao seu curto tempo de vida, a PiB só pode ser sintetizada (composta) minutos antes da aplicação ao doente. Por esse motivo, quando o paciente dá entrada no ICNAS, a equipa de produção é informada, sendo a molécula sintetizada enquanto os técnicos preparam o doente para a realização do exame».

 

Este produto está já a ser usado no âmbito de um projeto de investigação liderado por Miguel Castelo Branco, do ICNAS, envolvendo ainda os Serviços de Medicina Nuclear e Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (João Pedroso Lima e Isabel Santana) e uma colaboração com o Instituto de Medicina Molecular de Lisboa (Alexandre Mendonça).

 

 

O que é a molécula PiB?

 

A PiB é um composto altamente sensível, possuindo Carbono-11 (11C) na sua composição. Este é um isótopo do elemento Carbono (C), cuja produção é agora possível pela primeira vez em Portugal, o que reduz consideravelmente os custos da sua utilização. O 11C «Tem um tempo de vida útil de apenas 20 minutos, exigindo assim que o exame clínico se realize exclusivamente em unidades que possuam um ciclotrão, como é o caso do ICNAS», afirma Francisco Alves (responsável pelo ciclotrão e também docente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra).

 

Qual a novidade e utilidade da PiB?


Sendo a doença de Alzheimer uma patologia associada ao envelhecimento, cujas causas e tratamento são ainda desconhecidos, este exame médico, «é uma óptima ferramenta para validar tratamentos das doenças neurodegenerativas e abre uma janela para uma nova era da medicina preventiva. A partir de aqui, é possível testar os novos medicamentos numa fase precoce da doença, mesmo antes dos sintomas se manifestarem», reforça o neurocientista e Director do ICNAS, Miguel Castelo Branco.

 

Actualmente, adianta Antero Abrunhosa, líder do Laboratório de Radioquímica do ICNAS, «a produção desta molécula e, consequentemente, este tipo de exames médicos, só acontece nos principais centros de investigação do mundo. Permitir que os doentes portugueses tenham acesso a um diagnóstico atempado sobre a principal causa de demência é, sem dúvida, um marco decisivo».

 

 

António Piedade com Cristina Pinto

 

(Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva)


© 2012 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva


António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


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