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Prevenir as infecções hospitalares

09 Jan 2018 - 15h19 - 3.331 caracteres

Conhecer as condições ambientais hospitalares propícias à colonização e multiplicação de estirpes de bactérias responsáveis por infeções nosocomiais (infeções contraídas durante o internamento), bem como a sua distribuição espacial, foi o objetivo de um estudo microbiológico realizado por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde e de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Piaget, em dois hospitais da região Centro do país.

A equipa, liderada por Paula Morais, do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), focou-se em estudar a dispersão das bactérias no ambiente hospitalar com ênfase no grupo de bactérias com elevado impacto nas infeções nosocomiais, designadamente Pseudomonas aeruginosa, a espécie responsável pelo maior número de infeções nosocomiais; estirpes de Klebsiella, conhecidas pelo número de multirresistência que têm vindo a desenvolver ao longo do tempo; e Micobactérias não-tuberculosas, como um novo grupo problemático de bactérias.

Os investigadores analisaram cerca de duas centenas de amostras recolhidas nos serviços de Hematologia, Urologia, Medicina e Transplantes Renais dos dois hospitais, tendo detetado um número elevado de bactérias em equipamentos e superfícies de zonas húmidas. Por outro lado, a diversidade das bactérias estava relacionada com os utilizadores (área dos doentes e área dos profissionais de saúde), mostrando que os utilizadores são importantes contribuidores para a comunidade microbiana do espaço.

Em mais de 50% das amostras colhidas foi verificada a presença de diferentes espécies de Pseudomonas, entre elas Pseudomonas aeruginosa. É conhecido que, em geral, a Pseudomonas aeruginosa é altamente resistente a desinfetantes.

 

O estudo, já publicado no Journal of Microbiology, evidenciou ainda que os pontos de distribuição de água e biofilmes formados nas torneiras contribuem para a colonização e multiplicação das comunidades microbianas avaliadas.

A coordenadora da investigação, Paula Morais, acentua que este estudo, o primeiro dedicado ao ambiente hospitalar publicado em Portugal, visa essencialmente «conhecer para melhorar o ambiente hospitalar», ou seja, «fornecer conhecimento que apoie a decisão. Sabendo-se que o ambiente hospitalar é um grande “armazém” de microrganismos, onde ocorrem interações complexas, a informação sobre a distribuição e as condições propícias à colonização e multiplicação destas bactérias é essencial para a adoção de medidas adequadas de prevenção e controlo de infeções hospitalares».

 

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra)


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Cristina Pinto / Universidade de Coimbra

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