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Os acontecimentos científicos mais relevantes de 2011 (II)

06 Jan 2012 - 14h55 - 2.061 caracteres

O ano de 2011 ficará na história da ciência também pelos resultados obtidos no estudo das partículas fundamentais da matéria e os da exploração longínqua do Universo. Aliás, é colossal a amplitude da nossa capacidade de observação. É espantoso o que resulta da exploração contínua das fronteiras da realidade tangível, através da crescente capacidade tecnológica humana em observar o infinitamente pequeno e infinitamente grande ou longínquo. E maravilhoso como a compreensão das partículas fundamentais, que têm dimensões da ordem dos picometros (10-12 metro), permite compreender a natureza e a evolução do Universo ao longo dos seus 13,75x109 anos, (idade a qual está associada uma incerteza muito grande, reflexo das limitações dos modelos que possuímos), preenchendo com matéria e energia o Universo observável a partir da Terra, ou mais rigorosamente o Universo Visível ou Horizonte Cósmico de Luz, que se estima ser 4,6 x 1010 anos-luz (1 ano-luz = 10 x1015 metro).

O ano de 2011 fica também na história da engenharia aeroespacial pelo facto de o satélite “Messenger”, depois de uma viagem de seis anos, ter finalmente chegado e estar a orbitar Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol. A proximidade do Sol faz com que o intenso campo gravítico da “nossa” estrela torne muito difícil enviar e deixar o satélite “preso” no campo gravítico de Mercúrio, pelo que este acontecimento é uma vitória da capacidade do engenho humano em ultrapassar desafios complexos e o resultado do esforço multidisciplinar envolvido: mecânica clássica, mecânica de fluidos, termodinâmica, robótica, informática, química, electrónica entre muitas outras.

Outro acontecimento, ainda na área da engenharia aeroespacial, foi o lançamento com sucesso do satélite “Aquarius”, cuja missão é a de monitorizar a concentração salina dos oceanos que cobrem a superfície da Terra. Os dados que este satélite fornecerá contribuirão para a avaliação e correcções dos modelos que os cientistas possuem sobre o ciclo global da água, assim como a influência que as alterações climáticas nele exercem, entre outros aspectos associados com a dinâmica dos mares já navegados, mas ainda pouco compreendidos. 

(continua)


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António Piedade

António Piedade é Bioquímico e Comunicador de Ciência. Publicou mais 700 artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de nove livros de divulgação de ciência: "Íris Científica" (Mar da Palavra, 2005 - Plano Nacional de Leitura),"Caminhos de Ciência" com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa Universidade de Coimbra, 2011), "Silêncio Prodigioso" (Ed. autor, 2012), "Íris Científica 2" (Ed. autor, 2014), "Diálogos com Ciência" (Ed. autor, 2015) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Íris Científica 3" (Ed. autor, 2016), "Íris Científica 4" (Ed. autor, 2017), "Íris Científica 5" (Ed. autor) prefaciado por Carlos Fiolhais, "Diálogos com Ciência" (Ed. Trinta por um Linha, 2019 - Plano Nacional de Leitura) prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, entre os quais, o já muito popular "Ciência às Seis". Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.


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